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LABCeuta: o encontro entre a novidade e a experiência no Porto/Post/Doc

  • Writer: Hugo dos Santos
    Hugo dos Santos
  • Dec 3, 2022
  • 2 min read

Updated: Dec 4, 2022

A edição deste ano do Festival de Cinema do Porto promoveu a partilha de vivências entre os realizadores mais jovens e os mais experientes. O EXPOENTE foi assistir a um destes encontros informais, com a presença de Mariana Gaivão e João Rui Guerra da Mata.
O Café Ceuta recebeu os encontros do LABCeuta. Foto: Rafael Ojea Perez

O Café Ceuta foi o lugar escolhido para acolher o LABCeuta, uma das novidades da edição deste ano do Porto/Post/Doc. Este “laboratório” é um espaço de debate onde vários realizadores se encontram para refletir sobre cinema e reúne membros do júri com participantes das competições que compõem o festival.


Mariana Gaivão e João Rui Guerra da Mata, jurados do “Cinema Novo”, encontraram-se com os jovens participantes da competição, no dia 23, e O EXPOENTE assistiu à atividade.


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Piso inferior do Café Ceuta. Foto: Artur Machado/GI

Os artistas sentam-se à volta de uma mesa comprida, no piso inferior do café histórico, e é com o som de fundo dos pratos e talheres que começam a conversar. Falam do método de trabalho e do processo de realização, do contacto com “não-atores” e do impacto da orientação intermédia no objeto final. E é neste ambiente informal que as questões dos mais novos são esclarecidas.


O trabalho com “não-atores” e a solidão do realizador

Alguns dos jovens que se sentam à mesa para conversar apresentaram neste festival o seu primeiro trabalho. Outros, participaram em edições anteriores e já estão a preparar projetos futuros. É neste contexto que surge a discussão quanto ao uso de “não-atores” que, para Mariana Gaivão, tem de ser defendido com “rigor na intenção e na forma” como se aplica. A realizadora alerta para o perigo de se entrar numa “espécie de apropriação predatória do naturalismo”, quando se grava filmes ficcionais sem atores profissionais. Afirma, por isso, que procura distanciar-se de uma realidade que considera ser “meramente parasitária”. Guerra da Mata complementa a ideia e diz ser “interessante trabalhar com não-atores, mas trabalhar com eles como atores”, rejeitando a utilização das pessoas pelo seu “lado pitoresco”.



Na reflexão sobre o cinema, há tempo para pensar no trabalho do realizador que, para Mariana Gaivão, é “solitário”. A solidão vem da responsabilidade de “comandar o barco” e da “profunda certeza do quanto não sabes sobre o que estás a fazer”, afirma a realizadora. João Rui acrescenta que este isolamento é consequência, no caso do cinema de autor, de a ideia do filme surgir do próprio realizador.



A terminar a conversa, os jovens realizadores expõem as suas dúvidas quanto à divulgação do seu trabalho. Gaivão e Guerra da Mata admitem que a distribuição é um “mundo à parte da produção e realização” e que o melhor caminho para quem está a dar os primeiros passos é procurar uma agência que possa encaminhar os trabalhos para os festivais e mostras adequados.


LABCeuta e a rejeição de “arenas de gladiadores”

Mariana Gaivão vê o LABCeuta como um espaço onde há “abertura de discurso que traz outras ideias” e espera que iniciativas como esta criem “uma permeabilidade que contrarie a ideia sistematicamente competitiva” dos festivais, que não são só “arenas de gladiadores”.



Além das conversas entre realizadores, o LABCeuta incluiu o visionamento de filmes no Passos Manuel e de episódios do “C for Coffee” no Café Ceuta, em parceria com o Canal 180. A iniciativa ocupou todos os dias da agenda do Porto/Post/Doc que terminou no dia 26.


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